sexta-feira, 13 de julho de 2012

CONHECENDO A PALAVRA DE YHVH: TANAKH E B'RIT HADASHAH ENTRE ÀS ALIANÇAS:


 
LIVROS APÓCRIFOS E PSEUDEPÍGRAFOS
Título
(em ordem alfabética)
Data de
composição
Tipo de
literatura
Temas principais
A
B
C
Baruque (com a epístola de Jeremias)
c.150 a.C.
Sabedoria e narração
Elogio da sabedoria, a lei; promessa de esperança e oposição à idolatria
S
S
S
Daniel 3.24-90 (adição grega: Oração de Azarias e Canção dos três jovens)
c.100 a.C.
Hino
louvor; resposta de Deus às orações
S
S
S
Daniel 13 (adição grega: Susana)
c.100 a.C.
História dramática
A sabedoria de Daniel; vindicaçãoda fidelidade
S
S
S
Daniel 14 (adição grega: Bel e o dragão)
c.100 a.C.
Narração dramática
Oposição à idolatria
S
S
S
Eclesiástico (Sabedoria de Jesus, filho de Siraque)
c.180 a.C.; 132 a.C. tradução ao grego
Sabedoria
Obediência à lei; elogio dos patriar-cas; valor da sabedoria; patriotis-mo; retribuição
S
S
S
3 Esdras
c.150 a.C.
História (621-428 a.C.)
O culto apropriado; o poderda verdade
S
S
S
4 Esdras
c.100 d.C.
Apocalipse com prefácio e epílogo cristãos
O Messias preexistente e moribundo; o castigo pelo pecado; a salvação futura; inspiração; justiça divina;o mal
N
N
S
Ester (adições gregas: 103 versículos)
114 a.C.
Narração
Oração; adoração; revelação; ativida-de de Deus; providência
S
S
S
Judite
c.200 a.C.
História novelada
Obediência à Lei; oração, jejum; religião e patriotismo
S
S
S
1 Macabeus
90 a.C.
História (180-161 a.C.)
Intervenção divina nos assuntos humanos; legitimação dos reis asmoneus
S
S
S
2 Macabeus
90 a.C.
História (180-161 a.C.)
Ressurreição; criação; milagres; castigo pelo pecado; martírio;os anjos do templo
S
S
S
3 Macabeus
20 a.C.
Ficção novelesca
Libertação dos fiéis; anjos
X
N
N
4 Macabeus
40-118 d.C.
Tratado sapiencial e teológico
A razão, iluminada pela lei divina,é senhora sobre as paixões; fideli-dade à lei; martírio
X
N
N
Oração de Manassés
120 a.C.
Oração de penitência baseada em 2Rs 21.10-17 e 2Cr 33.11-19
Oração de penitência
S
N
S
Sabedoria de Salomão
10 a.C.
Sabedoria apologética judaica
Valor da sabedoria e da fidelidade; imortalidade
S
S
S
Salmo 151
Hino de vitória
Louvor a Deus que usa um jovem sem experiência
S
N
N
Tobias
c.200 a.C.
Folclore
Assistência ao templo; dízimo, caridade; obediência à lei; o anjo guardião; justiça divina e retribui-ção
S
S
S
Simbologia
A Na Septuaginta
S Está neste documento
B No cânon católico romano
N Não está neste documento
C Na “Bíblia de Oso” (1569)
X Está apenas em alguns manuscritos
c. cerca de
a.C. antes de Cristo
d.C. depois de Cristo
? O ponto de interrogação, precedido de um espaço e colocado após a significação de um nome, indica que essa significação é duvidosa. Uma data duvidosa é indicada da mesma forma.
Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005, S. Ml 4:6
 
O IMPÉRIO GRECO-MACEDÔNICO
Geografia
A Grécia é uma península que está situada na parte leste do mar Mediterrâneo. O mar Egeu a separa da Ásia Menor e o mar Adriático a separa da península italiana. A Macedônia está ao norte da Grécia. O Império Greco-Macedônico chegou a abranger a maior parte do mundo conhecido na Antigüidade, pois se estendia desde a Índia, no Oriente, até o extremo ocidental do Mediterrâneo.
História
A presença na Grécia de “tribos gregas” está assinalada desde o terceiro milênio
a.C. No entanto, os povos gregos, que chegaram a desenvolver a organização política conhecida como polis (cidade-estado), não conseguiram unificar-se e se mantiveram em lutas contínuas. Filipe II da Macedônia inicia, desde o norte, guerras de conquista. Ao morrer, em 335 a.C., sucede-o seu filho Alexandre, que será conhecido como Alexandre Magno. Extraordinário militar, conquista a Pérsia (331 a.C.) e o Egito, e chega até a Índia (326 a.C.). Morre em 323 a.C., aos 33 anos.
Logo notou-se a falta de um sucessor digno de Alexandre. Com sua morte, seu vasto império se divide nos chamados “reinos helenísticos”. Os mais importantes para a história bíblica foram o reino dos Lágidas ou Ptolomeus (Egito) e o dos Selêucidas (Síria).
Entre 215 e 205
a.C., Filipe V da Macedônia associou-se a Cartago a fim de lutar contra os romanos. Em 197 a.C. Filipe é derrotado pelos romanos. Entre 192 e 189 a.C. o exército romano derrota o Império Selêucida e penetra na Ásia Menor. Mais tarde, a Macedônia cai em poder de Roma. Em 146 a.C. os romanos destroem Corinto, e a maior parte da Grécia é anexada a Roma. Poucos anos depois caem Pérgamo (133 a.C.) e Síria (64 a.C.). Em 47 a.C. Otávio Augusto faz de Cleópatra sua co-regente no Egito, e em 30 a.C. houve a junção total do Egito a Roma.
Grécia e Palestina
Com a morte de Alexandre Magno, os Ptolomeus dominaram o Egito e a Palestina. Respeitaram os costumes e a religião dos israelitas. Assim, o templo foi o lugar onde se desenvolvia a fé e onde eram guardados os bens destinados a ajudar o órfão e a viúva.
Porém a dinastia e as políticas dos Ptolomeus enfraqueceram, e a tolerância foi aos poucos desaparecendo. Desde 197
a.C. os Selêucidas da Síria tentaram conquistar a Palestina. Antíoco IV Epífanes (175-164 a.C.) conseguiu. Tratou de impor à força os costumes sírios e os israelitas resistiram. Houve perseguição e lutas. Entre os israelitas que se opuseram estão o sacerdote Matatias, Judas Macabeus, Jônatas e Simeão, dos quais se fala nos livros apócrifos dos Macabeus.
Em 168
a.C. Roma derrotou a Macedônia e acabou com sua monarquia. Quatro anos mais tarde, depois de muitas lutas, torna-se o reino macabeu da Judéia. Antíoco V firmou, em 162 a.C., o acordo de liberdade religiosa para os judeus, porém seu sucessor, Demétrio Soter (“o salvador”), ajudado por alguns judeus, negou novamente os direitos, razão pela qual as lutas reiniciaram.
Em 142
a.C. os israelitas conseguiram livrar-se do Império Selêucida e estabeleceram a dinastia dos asmoneus, que durou pouco menos de um século, pois no ano 63 a.C. Jerusalém caiu nas mãos de Pompeu e tornou-se uma nova colônia de Roma.
Cultura
Os gregos haviam alcançado um grande desenvolvimento cultural e conheceram épocas de esplendor em que se cultivaram a literatura, a filosofia, a história, a escultura, a arquitetura e outros ramos do saber. Quando Alexandre Magno estende seu império, segue a política de helenizar os povos conquistados, respeitando, por outro lado, suas práticas e crenças religiosas. Estabelece-se um idioma comum (o
koinê) e promove-se a cultura. Alexandria (fundada em 331 a.C.) se torna um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo.
Religião
O período helenístico, iniciado com as conquistas de Alexandre, se caracteriza pelo desenvolvimento do interesse religioso que é expresso de várias formas: respeito às religiões de todos os povos; influência das correntes religiosas do Oriente; auge das religiões de mistério. Em época posterior surge o gnosticismo. Neste período nasce o cristianismo.
NOVO TESTAMENTO
O Cristianismo, nas suas etapas iniciais, considerou o Antigo Testamento como a sua única Bíblia. Jesus, como os seus discípulos e apóstolos e o resto do povo judeu, citou-o como “as Escrituras”, “a Lei” ou “a Lei e os Profetas” (cf. Mc 12.24; Mt 12.5; Lc 16.16).
Com o passar do tempo, a Igreja, tendo entendido que em Cristo “as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5.17), produziu muitos escritos acerca da vida e da obra do Senhor, estabeleceu e transmitiu a sua doutrina e estendeu a mensagem evangélica a regiões cada vez mais distantes da Palestina. Dentre esses escritos foi-se destacando aos poucos um grupo de vinte e sete, que pelos fins do séc. II começou a ser conhecido como Novo Testamento. Eram textos redigidos na língua grega, desiguais tanto em extensão como em natureza e gênero literário. Todos, porém, foram considerados com especial reverência como procedentes dos apóstolos de Jesus ou de pessoas muito próximas a eles.
O uso cada vez mais freqüente que os crentes faziam daqueles vinte e sete escritos (convencionalmente chamados “livros”) conduziu a uma geral aceitação da sua autoridade. A fé descobriu, sem demora, nas suas páginas a inspiração do Espírito Santo e o testemunho fidedigno de que em Jesus Cristo, o Filho de Deus, cumpriam-se as antigas profecias e se convertiam em realidade as esperanças messiânicas do povo de Israel. Conseqüentemente, a Igreja entendeu que os escritos hebraicos, que chamou de Antigo Testamento, requeriam uma segunda parte que viesse a documentar o cumprimento das promessas de Deus. E, enfim, após um longo processo e já bem avançado no séc. V, ficou oficialmente reconhecido o cânon geral da Bíblia como a soma de ambos os Testamentos.
Divisão do Novo Testamento
Desde o séc. V, o índice do Novo Testamento agrupa os livros da seguinte maneira:
1. Evangelhos (4)
(a). Sinóticos (3)
Mateus
Marcos
Lucas
(b). João
2. Atos dos Apóstolos (1)
3. Epístolas (21)
(a). Paulinas (13)
Romanos
1Coríntios
2Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
1Tessalonicenses
2Tessalonicenses
1Timóteo
2Timóteo
Tito
Filemom
(b). Epístola aos Hebreus (1)
(c). Universais (7)
Tiago
1Pedro
2Pedro
1João
2João
3João
Judas
4. Apocalipse (1)
Essa catalogação dos livros do Novo Testamento não corresponde à ordem cronológica da sua redação ou publicação; é, antes, um agrupamento temático e por autores. Talvez, deve-se ver nesse agrupamento o propósito de apresentar a revelação de Deus e o anúncio do seu reino eterno a partir da boa nova da encarnação (Evangelhos) até a boa nova do retorno glorioso de Cristo no fim dos tempos (Apocalipse), passando pela história intermediária da vida e da incumbência apostólica da Igreja (Epístolas).
A transmissão do texto
É realmente extraordinário o número de manuscritos do Novo Testamento que chegou a nós depois de tantos séculos desde que foram escritos. Ao todo, são mais de 5.000. Alguns são apenas pequenos fragmentos, tão deteriorados pelo tempo e pelas más condições ambientais, que a sua utilidade é praticamente nula. Mas são muito mais numerosos os manuscritos que, no todo ou em parte, se conservaram num estado suficientemente satisfatório para transmitir até o presente a sua mensagem e testificar assim a fidelidade dos cristãos que os escreveram.
Assim sendo, os manuscritos que conhecemos não são autógrafos, isto é, nenhum provém da mão do próprio autor. Todos, sem exceção, são cópias de cópias dos textos originais gregos ou de traduções para outros idiomas. Copistas especializados pacientemente consagrados a esse labor de muitos anos de duração, os produziram nos lugares mais diversos e no decorrer de séculos.
As cópias mais antigas até agora conhecidas são papiros que datam do séc. III, procedentes do Egito.
O papiro é uma planta abundantemente encontrada às margens do Nilo. Da sua haste, cortada e prensada, preparavam-se tiras retangulares, que se uniam formando folhas de uns 30 centímetros de largura e vários metros de comprimento. Uma vez escritas, enrolavam-se as folhas com o texto para dentro, atando-as com fios.
Os rolos de papiro eram de fácil fabricação, mas o seu manejo era incômodo. Ademais, tanto a umidade como o calor seco danificavam o material e impediam a sua prolongada duração. Por isso, em substituição ao papiro, entre os séculos II e V, se difundiu o uso de pergaminho, que era uma folha de pele de ovelha ou cordeiro especialmente curtida para poder-se escrever nela. Esse novo material, bastante mais custoso que o anterior, porém muito resistente e duradouro, permitiu, primeiro, a preparação de cadernos e, depois, o de códices, isto é, livros na forma em que os conhecemos atualmente. Entre os diversos códices da Bíblia descobertos até o dia de hoje, os mais antigos e, simultaneamente, mais completos são os chamados Sinaítico e Vaticano, ambos datados do séc. IV.
Palestina romana
Jesus nasceu em fins do reinado de Herodes, o Grande (47 a 4 a.C.). Homem cruel (cf. Mt 2.1-16) e, sem dúvida, inteligente, distinguiu-se pela grande quantidade de terras e cidades que conquistou e pelas numerosas e colossais construções com que as dotou. Entre estas, o templo de Jerusalém, do qual apenas se conservaram uns poucos restos pertencentes à muralha ocidental (o Muro das Lamentações).
Após a morte de Herodes (Mt 2.15-19), o seu reino foi dividido entre os seus filhos Arquelau, Herodes Antipas e Filipe. Arquelau (Mt 2.22), etnarca da Judéia e Samaria, foi deposto pelo imperador Augusto no ano 6 d.C. A partir de então, o governo esteve em mãos de procuradores romanos, entre eles Pôncio Pilatos, que manteve o cargo desde o ano 26 até 36. Herodes Antipas (Lc 3.1) foi tetrarca da Galiléia e Peréia até o ano 39; e Filipe (Lc 3.1), até 34 o foi da Ituréia, Traconites e outras regiões orientais do Norte (Ver a Cronologia Bíblica).
No ano 37, o imperador Calígula nomeou rei a Herodes Agripa e o colocou sobre a tetrarquia de Filipe, à qual logo acrescentou a de Herodes Antipas. Com a morte de Calígula (assassinado no ano 41), o seu sucessor, Cláudio, ampliou ainda mais os territórios de Agripa com a anexação da Judéia e Samaria. Desse modo, Agripa reinou até a sua morte (44 d.C.), praticamente sobre toda a Palestina.
Antipas foi aquele que mandou prender e matar a João Batista (Mc 6.16-29); e Herodes Agripa foi quem perseguiu a igreja de Jerusalém e mandou matar a Tiago e prender a Pedro (At 12.1-19). O Novo Testamento fala também de outro Herodes Agripa, filho do anterior: o rei que, acompanhado da sua irmã e mulher Berenice, escutou o discurso pronunciado por Paulo em sua própria defesa, em Cesaréia (At 25.13—26.32).
Por detrás de todos esses personagens se manteve, sempre vigilante, o poder romano. Roma era quem empossava ou demitia governantes nos países submetidos ao seu domínio, conforme lhe convinha. Durante a vida de Jesus e até à destruição de Jerusalém no ano 70, sucederam-se em Roma sete imperadores (ou césares). Três deles são mencionados no Novo Testamento: Augusto (Lc 2.1), Tibério (Lc 3.1) e Cláudio (At 11.28; 18.2). E há um quarto, Nero, cujo nome não é mencionado, a quem Paulo faz tácita referência ao apelar ao tribunal de César (At 25.10-12; 28.19).
A Palestina fazia parte do Império Romano desde o ano 63 a.C. Essa circunstância significara a perda definitiva da sua independência nacional. Dois longos séculos de agitação política a tinham levado a um estado de irreparável prostração moral, de que Roma, pela mão do general Pompeu, aproveitou-se apoderando-se do país e integrando-o na província da Síria.
A fim de manter a paz e a tranqüilidade nos seus territórios, Roma atuava geralmente com muita cautela, sem pressionar excessivamente a população submetida e sem forçá-la a mudar os seus próprios modelos da sociedade, nem os seus costumes, cultos e crenças religiosas. Inclusive, às vezes, a fim de pôr uma nota de tolerância e boa vontade, consentia a existência de certos governos nacionais, como os de Herodes, o Grande, e dos seus sucessores dinásticos.
O que Roma nunca permitiu foi a agitação política e muito menos a rebelião aberta dentro das suas fronteiras. Quando isso ocorria, o exército se encarregava de restabelecer a ordem, atuando com presteza e com o máximo rigor. Foi isso que aconteceu no ano 70 d.C., quando Tito, filho do imperador Vespasiano, arrasou Jerusalém e provocou a “diáspora” (ou dispersão) de grande parte da população, a fim de acabar de uma vez por todas com as revoltas judaicas iniciadas uns quatro anos antes.
O MUNDO ROMANO
Segundo a lenda, a cidade de Roma foi fundada em 753 a.C. O rei Tarquínio foi expulso dela em 509 a.C., e a cidade transformou-se em uma república, governada por uma assembléia do povo, um senado e dois cônsules que ocupavam o cargo por um ano. Em 206 a.C. Roma governava a maior parte da Itália e iniciou a guerra contra Cartago. Cartago foi destruída em 146 a.C. e Roma começou a estender seu domínio através do Mediterrâneo.
Estradas e recreações
Os gregos deram ao mundo idéias que têm ajudado a dar forma a sistemas governamentais, às ciências, à medicina e às artes. O legado dos romanos é prático: caminhos, aquedutos, sistemas de encanamento e de calefação central e, claro, os banhos. São lembrados por seus “entretenimentos” públicos (corridas de carros puxados por cavalos e sangrentas lutas de gladiadores) em anfiteatros como o grande Coliseu de Roma.
O Império Romano
Os romanos foram controlando pouco a pouco o que restava do Império Grego. Corinto caiu em 146
a.C.; Atenas, em 86 a.C. No séc. I a.C., Júlio César se ocupou de tomar a Gália, e Pompeu conquistou a Síria e a Palestina, ocupando Jerusalém em 63 a.C. Os romanos absorveram as idéias gregas; assim, tanto o idioma quanto a cultura e a civilização dos gregos continuaram em vigência sob o domínio romano. Em 27 a.C. acabaram os angustiantes anos de guerra. Otávio assumiu o título de “Augusto” e tornou-se, de fato, o primeiro governante do império. A “paz romana” que seguiu trouxe prosperidade e permitiu viajar com segurança. Durante o reinado de Augusto nasceu Jesus (cf. Lc 2.1).
Vida na capital
Os ricos viviam bem em Roma. Tinham grandes casas com colunas de mármore e belos mosaicos no piso. As paredes estavam pintadas com afrescos. Gostavam de ir aos banhos ou aos jogos e outros entretenimentos. Uma ceia romana podia constar de sete ou mais pratos, alguns muito luxuosos (
p. ex., arganaz recheado ou flamingo cozido). Os filhos dos ricos iam à escola: as mulheres a uma (até a idade de 13 anos) e os homens a outra.
Os pobres viviam desconfortavelmente em blocos de apartamentos mal construídos. Não tinham encanamento nem sistema de calefação, e tinham que usar serviços sanitários (vasos sanitários) e banhos públicos. A principal comida era pão ou papas de aveia, com poucas ervas, azeitonas ou vegetais. Pretendia-se que os “entretenimentos” fizessem os pobres esquecerem-se de seus sofrimentos.
Palestina sob ocupação romana
Os romanos proporcionavam benefícios aos povos que governavam: lei e ordem, um governo estável, excelentes estradas e bons edifícios públicos (oficinas, mercados, banhos e estádios).
Contudo, na longínqua Judéia, a maioria das pessoas estava pouco agradecida com seus governantes romanos. Nunca puderam esquecer que eram um país ocupado. Com quatro legiões estacionadas na Palestina, havia romanos por toda a parte. E impostos: imposto sobre a “renda”, imposto sobre a comida, imposto sobre a venda de terra ou propriedades, direitos aduaneiros e imposto sobre as compras. Naturalmente, os coletores de impostos (publicanos), que trabalhavam para o censor romano e que viviam comodamente porque cobravam mais do que o devido, eram odiados. Mateus, um dos discípulos de Jesus, foi um deles (
Mt 9.9; cf. Lc 19.1-10).
O exército
A maioria dos soldados romanos era formada de voluntários. Assinavam por 20 anos de serviço. Usavam capacetes e couraças de ferro e tinham cravos de ferro em suas sandálias. Cada soldado estava armado com uma espada e um dardo, e carregava um escudo comprido de madeira coberta com couro. Muitos soldados eram designados a acampamentos permanentes. Esperava-se deles que, em um dia de marcha, percorressem 29
Km ou mais, carregando suas armas, suas ferramentas, sua comida e seus utensílios de cozinha.
Os soldados eram submetidos a treinamentos e disciplinas rigorosas. Uma tropa estava de guarda na crucificação (
Mt 27.27-37) e outra livrou Paulo de ser linchado (At 21.26-36).
O
NT menciona várias vezes os capitães do exército, os “centuriões”, e sempre favoravelmente (cf. Mt 8.5-13; 27.54; At 10; 27.1,42-44).
Paulo percorre o império
A paz romana, os caminhos e os meios de transporte tornaram possível que os cristãos levassem a mensagem de Jesus por todo o leste do Mediterrâneo em poucos anos.
Paulo era cidadão romano e usou deste direito para ser livrado do cárcere (
cf. At 16.37-40). Quando a justiça judaica falhou, Paulo apelou ao imperador. Foi levado a Roma para ser julgado (At 25.11; 27–28). Todas as viagens de Paulo narradas em Atos, e todas as suas cartas, têm como fundo o Império Romano.
Configuração física da Palestina
O Jordão é o rio da Palestina. Nasce no monte Hermom e percorre o país de norte a sul, dividindo-o em dois: a Cisjordânia, ou lado ocidental, e a Transjordânia, ou lado oriental. Depois de atravessar o mar da Galiléia, corre serpenteante ao longo de uma depressão geológica cada vez mais profunda, até desembocar no mar Morto, a uns 110 km do lugar do seu nascimento e a quase 400 m abaixo do nível do Mediterrâneo.
O mar Morto, de quase 1000 km² de superfície, deve o seu nome ao fato de que a alta proporção de sal e outros elementos dissolvidos nas suas águas fazem nelas impossível a vida de peixes e de plantas. Ao contrário, o mar (ou o lago) da Galiléia, também chamado de lago de Genesaré ou de Tiberíades (cf., p. ex., Mt 4.18; 14.34 e Jo 6.1), de 145 km² de superfície e situado igualmente em uma profunda depressão (212 m abaixo do nível do Mediterrâneo), é uma grande represa natural de água doce em que abundam os peixes (cf. Lc 5.4-7; Jo 21.6-11).
A Palestina é uma terra de montanhas. Na época do Novo Testamento, quase todas as suas cidades estavam situadas em algum ponto da cordilheira que desce, desde os maciços do Líbano (3.083 m) e do Hermom (2.760 m) até os limites meridionais do país na região desértica do Neguebe. Essa cadeia só se vê cortada pela planície de Jezreel (Js 17.16), que penetra nela, deixando ao norte os montes da Galiléia e ao sul os desvios das montanhas de Samaria.
Alguns nomes do sistema orográfico da Palestina se conhecem pela menção que deles fazem os relatos bíblicos. No lado oriental do Jordão, p. ex., encontra-se o monte Nebo, de 1.146 m de altura; e, no lado ocidental, o Carmelo (552 m), o Gerizim (868 m), o monte das Oliveiras (uns 800 m) e o Tabor (562 m).
A Palestina achava-se limitada pelos desertos da Arábia e da Síria ao leste e, a oeste, pelo mar Mediterrâneo, separado das montanhas pelas terras baixas que começam na fértil planície de Sarom (cf. Ct 2.1; Is 35.2), junto ao monte Carmelo.
Populações da Palestina
Os Evangelhos e Atos dos Apóstolos mencionam um bom número de cidades, vilas e aldeias espalhadas pelo país, especialmente a oeste do Jordão e do mar Morto. Na região da Galiléia se encontravam, às margens do lago de Genesaré, Cafarnaum, Corazim e Magdala; e, mais ao interior, Caná, Nazaré e Naim.
Na região da Judéia, a quase 1.150 m acima do nível do mar Morto, eleva-se Jerusalém. Perto dela, ao sul, Belém; a leste, sobre o monte das Oliveiras, Betânia e Betfagé; e, a oeste, Emaús, mais longe, Lida e, por último, o porto de Jope. A partir daqui, descendo pelo litoral, Azoto e Gaza.
O Novo Testamento menciona também algumas cidades e vilas palestinas que não pertenciam à Judéia ou Galiléia: Cesaréia de Filipe, na Ituréia; Sarepta, Tiro e Sidom, no litoral da Fenícia; Siquém, em Samaria.
Sociedade e cultura no mundo judaico
Os relatos dos evangelistas oferecem uma espécie de retrato da forma de vida dos judeus de então. As parábolas de Jesus e as ocorrências nos percursos que fez pela Palestina destacam a importância que, naquela sociedade, representavam os trabalhos do campo. A semeadura e a colheita de cereais, o plantio de vinhas e a colheita de uvas, a produção hortícola e as referências à oliveira, à figueira e a outras árvores são dados reveladores de uma cultura basicamente agrária, completada com a criação de rebanhos de ovelhas e cordeiros, de animais de carga e, inclusive, de manadas de porcos. Por outro lado, a pesca ocupava um lugar importante na atividade dos moradores que viviam nas aldeias costeiras do mar da Galiléia.
Junto a essas profissões exerciam-se também outras de índole artesanal. Ali se encontravam perfumistas, tecelões, curtidores, carpinteiros (cf. Mc 6.3), oleiros e fabricantes de tendas de campanha (cf. At 18.3); e, certamente, também servidores domésticos, comerciantes, banqueiros e cobradores de impostos (ver Publicanos na Concordância Temática).
Nos degraus mais baixos da escala sócio-econômica estavam os peões contratados ao salário do dia, os escravos (cf. Êx 21.1-11), as prostitutas e um número considerável de pessoas que sobreviviam com a prática da mendicância.
Religião e política
A religião e a política caminham juntas no mundo judaico. Eram dois componentes de uma só realidade, expressa no sentimento nacionalista que brotava da mesma fonte, a fé no Deus de Abraão, Isaque e Jacó. A história do povo de Israel é a história da sua fé em Deus; e a sua fé é a fé em que Deus governa toda a sua história.
Por isso, o sumo sacerdote em exercício era precisamente aquele que presidia o Sinédrio, máximo órgão jurídico e administrativo da nação. Este consistia num conselho de 71 membros, no qual estavam representados os três grupos político-religiosos mais significativos da época: os sacerdotes, arrolados na sua maioria no partido saduceu; os anciãos, geralmente fariseus; e os mestres da Lei.
O Sinédrio gozava de todas as competências de um governo autônomo, salvo aquelas em que Roma se reservava os direitos de última instância. O Sinédrio, p. ex., era competente para condenar à morte um réu, mas a ordem da execução exigia o visto da autoridade romana, como sucedeu no caso de Jesus (cf. Jo 19.10).
Em relação aos partidos, convém assinalar que os fariseus eram os representantes mais rigorosos da espiritualidade judaica. Com a sua insistência na observância estrita da Lei mosaica e no respeito às tradições dos “pais” (isto é, os antepassados), exerciam uma forte influência no povo. Jesus reprovava o seu exagerado zelo ritual e o afã de satisfazer os mais insignificantes aspectos da letra da Lei, que os fazia esquecer freqüentemente os valores do espírito que a anima (cf. Mc 7.3-4,8-13. Ver 2Co 3.6).
Os saduceus representavam, de certo modo, a aristocracia de Israel. Esse partido, mais reduzido numericamente que o fariseu, era formado, em grande parte, pelas poderosas famílias dos sumos sacerdotes. Na sua doutrina, em contraste com o que ensinavam os fariseus, os saduceus mantinham “não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito” (At 23.8).
Tradicionalmente, se tem considerado que os zelotes constituíam um grupo judaico nacionalista que se rebelou contra Roma. Eram conhecidos também como cananitas. Com ambos os epítetos se identifica no Novo Testamento Simão, um dos doze discípulos de Jesus (ver Lc 6.15, nota n e cf. Mt 10.4 e Mc 3.18 com Lc 6.15 e At 1.13). Os zelotes desempenharam um papel muito ativo na rebelião dos anos 66 a 70.
À parte desses três grupos, havia outros, como os herodianos, cuja identidade não se conseguiu esclarecer totalmente. É provável que se tratasse de pessoas a serviço de Herodes, embora alguns achem que o nome se adapte melhor aos partidários de Herodes e de sua dinastia.
Os escribas, mestres da Lei ou rabinos formavam um grupo profissional e não um partido. Eram os encarregados de instruir o povo em matéria de religião. Não pertenciam, em geral, à classe sacerdotal, mas eram influentes e chegaram a gozar de uma elevada consideração como intérpretes das Escrituras e dirigentes do povo.
Pouco tempo e pouco espaço necessitou Jesus de Nazaré para realizar uma obra cujas bênçãos haveriam de alcançar a todos os seres humanos de todos os tempos e de todos os lugares. O Novo Testamento dá testemunho disso: ele é o registro que, com a mesma singeleza com que o Filho de Deus se manifestou em carne, também fala do amor de Deus e da sua vontade salvadora.
PARTIDOS RELIGIOSOS E POLÍTICOS
NO SÉCULO I
Partido
Características
Referências
Fariseu (partido religioso com alguma tendência política)
Doutrinas e práticas
Mt 9.11,14; 12.1-2; 15.2; 19.3; 23.15,23,25,29; Lc 18.11-12; At 15.5
Inimigos de Jesus
Mt 9.34; 12.14,24; 16.1-12; Jo 9.16; 11.47-48,57
Favoráveis a Jesus
Lc 7.36; 11.37; Jo 3.1; 7.50-51; 19.39
Outras
Mt 3.7; 16.1-12; Lc 5.17,21; Jo 8.3; At 23.6-9
Saduceu (partido religioso com alguma tendência política)
Doutrinas e crenças
Mt 22.23-32; At 23.8
Inimigos de Jesus
Mt 16.1-12
Outras
Mt 3.7; At 4.1; 5.17;
23.6-8
Zelote (partido político e religioso oposto ao Império Romano)
Seu nome significa “zeloso, fanático”
Lc 6.15*; At 1.13
Herodiano (partido político favorá-vel ao domínio romano)
Como indica seu nome, eram partidários da família de Herodes
Mt 22.16*; Mc 3.6; 12.13
Samaritano (partido religioso, separado do Judaísmo)
Algumas crenças
Jo 4.7-9,20,25
Essênio (partido religioso)
Grupo separatista nascido na época helenística, provavelmente dos fariseus. Eram rigorosos observadores da Lei; consideravam que o sacerdócio era corrupto e rechaçavam muitas práticas religiosas e o sistema sacrificial judaico. Este grupo não é mencionado no Novo Testamento
Ver também Fariseus; Saduceus; Zelotes na Concordância Temática.
EVANGELHOS
Evangelho e Evangelhos
“Evangelho” é uma palavra de origem grega que significa “boa notícia”. Do ponto de vista da fé cristã, só há um evangelho: o de Jesus Cristo. Porque ele mesmo, o Filho de Deus encarnado na natureza humana (Jo 1.14) e autor da vida e da salvação (At 3.15; Hb 2.10; 12.2), é a boa notícia que constitui o coração do Novo Testamento e fundamenta a pregação da Igreja desde os tempos apostólicos até os nossos dias.
No entanto, visto que toda notícia supõe a comunicação de uma mensagem, chamamos também de “evangelho” o conjunto dos livros do Novo Testamento, que, sob a inspiração do Espírito Santo, foram escritos para comunicar a boa notícia da vinda de Cristo e, com ele, a do Reino eterno de Deus (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.1,14-15; Lc 2.10; Rm 1.1-6,16-17). Nesse mesmo sentido, o apóstolo Paulo gosta de falar do “meu evangelho”, fazendo assim referência ao anúncio da graça divina que ele proclamava (Rm 1.1,9,16; 16.25; 1Co 15.1; Gl 2.7; 2Tm 2.8): uma mensagem que já antes fora escutada em Israel (Is 35; 40.9-11; 52.7; 61.1-2a), mas que agora se estende ao mundo inteiro, a quantos, por meio da fé, aceitam Cristo como Senhor e Salvador (cf., entre outros, Rm 1.5; 5.1; 6.14,22-23).
Num terceiro sentido, o uso tem generalizado a aplicação do termo “evangelho” a cada um dos livros do Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João) que nos têm transmitido praticamente a totalidade do que sabemos acerca de Jesus: da sua vida e atividade, da sua paixão e morte, da sua ressurreição e glorificação.
Da perspectiva da fé cristã, a palavra “evangelho” contém, pois, uma tríplice referência: em primeiro lugar, a Jesus Cristo, cuja vinda é o acontecimento definitivo da revelação de Deus ao ser humano; em segundo lugar, à pregação oral e à comunicação escrita da boa notícia da salvação pela fé; e, por último, aos quatro livros do Novo Testamento que desde o séc. II se conhecem pela designação genérica de “os Evangelhos”.
Evangelhos e evangelistas
Tradicionalmente, os autores dos quatro primeiros livros do Novo Testamento recebem o nome de “evangelistas”, título que na Igreja primitiva correspondia às pessoas a quem, de modo específico, se confiava a função de anunciar a boa nova de Jesus Cristo (At 21.8; Ef 4.11; 2Tm 4.5. cf. At 8.12,40).
Durante os anos que se seguiram à ascensão do Senhor, a pregação apostólica foi sobretudo verbal, como vemos na leitura de Atos. Mais tarde, quando começaram a desaparecer aqueles que haviam conhecido Jesus em pessoa, a Igreja sentiu a necessidade de fixar por escrito a memória das palavras que haviam ouvido dele e dos seus atos que haviam presenciado. Durante certo tempo, circularam entre as comunidades cristãs de então numerosos textos referentes a Jesus, que, na maioria dos casos, eram simples apontamentos dispersos e sem conexão. Apesar do seu caráter fragmentário, porém, aqueles breves relatos representaram a passagem da tradição oral à escrita, passagem que presidiu o nascimento dos nossos quatro Evangelhos.
O propósito principal dos evangelistas não foi oferecer uma história detalhada das circunstâncias que rodearam a vida do nosso Senhor e dos eventos que a marcaram; tampouco se propuseram a reproduzir ao pé da letra os seus discursos e ensinamentos, nem as suas discussões com as autoridades religiosas dos judeus. Há, conseqüentemente, muitos dados relativos ao homem Jesus de Nazaré que nunca nos serão conhecidos, embora, por outro lado, não reste dúvida de que Deus já revelou por meio dos evangelistas (cf. Jo 20.30; 21.25) tudo o que não devemos ignorar. Na realidade, eles não escreveram para nos transmitir uma completa informação de gênero biográfico, mas, como disse João, “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31).
Os Evangelhos contêm, pois, um conjunto de narrações centradas na pessoa de Jesus de Nazaré e escritas com um propósito testemunhal, para a edificação da Igreja e para a comunicação da fé. Mas isso não significa que os evangelistas manejaram sem cuidado os dados, as palavras e os fatos que recompilaram e que foram os seus elementos de informação. Pois, se bem que é certo que eles não trataram de escrever nenhuma biografia (ao menos no sentido específico que hoje damos ao termo), igualmente é que os seus escritos respondem com fidelidade ao discurso histórico tal e como era elaborado então, seja por haverem conhecido pessoalmente a Jesus ou por terem sido companheiros dos apóstolos que viveram junto dele.
A obra dos evangelistas nutriu-se especialmente das memórias que, em relação ao Senhor, eram guardadas no seio da Igreja como um depósito precioso. Essas memórias transmitiram-se no culto, no ensinamento e na atividade missionária, isto é, na pregação oral, que, durante longos anos e com perspectiva escatológica, foi o meio idôneo para reviver, desde a fé e em benefício da fé, o acontecimento fundamental do Cristo ressuscitado.
Os Evangelhos sinóticos
A simples leitura dos Evangelhos conduz logo a uma primeira classificação, que é resultante da constatação, de um lado, de que existe uma ampla coincidência da parte de Mateus, Marcos e Lucas quanto aos temas de que tratam e quanto à disposição dos elementos narrativos que introduzem; e por outro, o Evangelho de João, cuja aparição foi posterior à dos outros três, parece ter sido escrito com o propósito de suplementar os relatos anteriores com uma nova e distinta visão da vida de Jesus (acerca dos temas e dos fatos, ver as Introduções aos Evangelhos). Porque, de fato, com exceção dos acontecimentos que formavam a história da paixão de Jesus, apenas três dos fatos referidos por João (1.19-28; 6.1-13 e 6.16-21) encontram-se também consignados nos outros Evangelhos.
Daí se conclui que, assim como o Evangelho Segundo João requer uma consideração à parte, os de Mateus, Marcos e Lucas estão estreitamente relacionados. Seguindo vias paralelas, oferecem nas suas respectivas narrações três enfoques diferentes da vida do Senhor. Por causa desse paralelismo, pelas muitas analogias que aproximam esses Evangelhos tanto na matéria exposta como na forma de dispô-la, vêm sendo designados desde o séc. XVIII como “os sinóticos”, palavra tomada do grego e equivalente a “visão simultânea” de alguma coisa.
Os sinóticos começaram a aparecer provavelmente em torno do ano 70. Depois da publicação do Evangelho segundo Marcos, escreveu-se primeiro o de Mateus e depois o de Lucas. Ambos serviram-se, em maior ou menor medida, da quase totalidade dos materiais incorporados em Marcos, reelaborando-os e ampliando-os com outros. Por essa razão, Marcos está quase integralmente representado nas páginas de Mateus e de Lucas. Quanto aos novos materiais mencionados, isto é, os que não se encontram em Marcos, uma parte foi aproveitada simultaneamente por Mateus e Lucas, e a outra foi usada por cada um deles de maneira exclusiva.
Apesar de que os autores sinóticos tenham redigido textos paralelos, fizeram-no de pontos de vista diferentes e contribuindo cada qual com a sua própria personalidade, cultura e estilo literário. Por isso, a obra dos evangelistas não surge como o produto de uma elaboração conjunta, mas como um feito singular desde seus delineamentos iniciais até a sua realização definitiva. Quanto aos objetivos, também são diferentes em cada caso: enquanto Mateus contempla a Jesus de Nazaré como o Messias anunciado profeticamente, Marcos o vê como a manifestação do poder de Deus, e Lucas, como o Salvador de um mundo perdido por causa do pecado.
Vigência e atualidade dos Evangelhos
Para a comunidade cristã, o valor dos Evangelhos é insubstituível e permanente; ocupam um lugar único, tanto no âmbito geral da Igreja como no particular da devoção privada. Os Evangelhos são o único canal que conduz ao conhecimento da vida do nosso Senhor Jesus Cristo, pois não existe nenhum outro documento que o torne realmente presente. Ademais, põem de manifesto como o Espírito Santo inspirou nos evangelistas a boa nova da salvação, para que eles, por sua vez, proclamem-na com a sua própria voz, humilde e singela, mas chamada a fazer chegar a palavra de Deus a toda a humanidade.
a.C. antes de Cristo
c. cerca de
d.C. depois de Cristo
? O ponto de interrogação, precedido de um espaço e colocado após a significação de um nome, indica que essa significação é duvidosa. Uma data duvidosa é indicada da mesma forma.
cf. conferir
séc. século
p. por exemplo
Km quilômetro(s)
NT Novo Testamento
m metro(s)
km² quilômetro(s) quadrado(s)
Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005, S. Ml 4:6

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