PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:

PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:
"NÃO HÁ SALVAÇÃO EM NINGUÉM MAIS!".

sexta-feira, 2 de março de 2012

Vayikha (E CHAMOU):

LEVÍTICO

INTRODUÇÃO


Visão Geral

Autor: Moisés.
Propósito: Conduzir os israelitas
nos caminhos da santidade para que eles se mantivessem separados do mundo e
recebessem bênçãos em vez de julgamento, enquanto vivessem nas proximidades da
presença especial de seu Deus santo. (Yaohu).
Data: c. 1446-1406 a.C.
Verdades fundamentais:
Deus
(Yaohu) é santo e exige santidade do seu povo.
O povo de Deus (Yaohu) não conseguia
cumprir perfeitamente as exigências de santidade, mas podia obter expiação
temporária por meio do sistema sacrificial.
Deus (Yaohu) chamou o seu povo para
buscar a santidade em todos os aspectos da vida em gratidão pela
misericórdia que ele havia demonstrado para com eles.
Deus (Yaohu) ofereceu bênçãos
maravilhosas e ameaçou trazer julgamento caso o seu povo não se
arrependesse e se comprometesse com ele.

Público original
Levítico, a forma latina do
título grego do livro, significa “acerca dos levitas”. Levi era a tribo de
origem dos sacerdotes e cabia aos levitas manter o culto em Israel. O título é
apropriado, uma vez que o livro trata principalmente do culto e do que era
próprio para ele. No entanto, não é dirigido apenas aos levitas, mas também aos
israelitas leigos, dizendo-lhes como oferecer sacrifícios e como ser puro, um
requisito para entrar na presença de Deus (Yaohu) em adoração.

Propósito e características
Talvez nenhum outro livro do
Antigo Testamento seja tão desafiador para o leitor moderno quanto Levítico,
sendo necessário exercitar a imaginação para visualizar as cerimônias e os
ritos que constituem grande parte do livro. No entanto, é importante entender
os rituais de Levítico por dois motivos. Em primeiro lugar, de modo geral,
os rituais preservam, expressam e ensinam os valores e os ideais mais preciosos
de uma sociedade. Embora os vários aspectos dos rituais de Levítico pareçam
obscuros para os leitores modernos, os israelitas do Antigo Testamento sabiam o
motivo pelo qual determinados sacrifícios eram oferecidos em ocasiões
específicas e que certos gestos significavam.


Cristo em Levítico:
Por meio de seus símbolos
e ritos, Levítico apresenta uma descrição do caráter de Deus (Yaohu) que é
pressuposta e aprofundada na mensagem do Novo Testamento sobre Cristo. Esse
livro ensina que Deus (Yaohu) é a fonte da vida perfeita, que ele ama o seu
povo e quer habitar no meio dele. Vemos nisso uma prefiguração da encarnação,
na qual “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Levítico também
mostra claramente a pecaminosidade humana: Tão logo os filhos de Arão haviam
sido ordenados, eles profanaram o seu ofício sacerdotal e morreram, numa demonstração
terrível de julgamento divino (cap,10). Aqueles que sofriam de doença de pele e
fluxo, bem como aqueles que possuíam imperfeições morais, eram proibidos de
participar do culto, pois suas imperfeições eram incompatíveis com o Deus
(Yaohu) santo e perfeito (cap, 12 – 15). Por meio desse simbolo, Levítico
ensina a universalidade do pecado humano, uma doutrina afirmada também por
Cristo (Mc 7,21-23) e Paulo (Rm 3,23). Preso entre a santidade divina e a
pecaminosidade humana, a maior necessidade do ser humano é receber expiação. É
nesse ponto que o livro mostra mais instrutivo para o cristão, pois seus
conceitos se cumprem na obra expiatória de Cristo. Ele é o Cordeiro sacrifical
perfeito que tira o pecado do mundo (1,10; 4,32; Jo 1,29). Sua morte é o resgate
por muitos (Mc 10,45) e o seu sangue purifica de todo pecado (4; Hb 9,13-14;
1Jo 1,7). Acima de tudo, Cristo é o sumo sacerdote perfeito que entra, não
no tabernáculo terreno uma vez por ano no Dia da Expiação (Lv 16), mas no
templo celestial para sempre. Cristo não ofereceu um mero bode pelos pecados de
seu povo, mas sim, a sua própria vida (Hb 9 – 10). Quando o véu do
templo se rasgou na crucificação de Cristo, ficou claro que sua morte ABRIU
O CAMINHO PARA DEUS – YAOHU DE MODO QUE TODOS QUE CRESSEM TIVESSEM UM ACESSO
MAIS PLENO (Mt 27,51; Hb 10,20). [POR ISSO, QUE É MUITO IMPORTANTE,
SABER O NOME DESSE “DEUS” - NÃO UM TÍTULO SOMENTE OU PIOR, QUALQUER “deus”?
MAS SIM O ÚNICO QUE SALVA YAOHU]. Além do mais, enquanto Levítico se
concentra na importância de manter Israel separado dos povos vizinhos, o Novo
Testamento abre o reino PARA TODAS AS NAÇÕES e desse modo, revoga a
observância das leis alimentares (Mc 7; At 10) sem, no enanto, abrir mão dos
princípios morais simbolizados nas mesmas (Jo 17,16; 2Co 6,14 – 7,1). O Deus
(Yaohwh) santo de Levítico é mostrado nos Evangelhos como sendo CRISTO,
que oferece vida, saúde e santidade a todos os que estão dispostos a segui-lo.
Sito as palavras de Paulo:
“Atos 17,23”: Porque,
passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também
um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois
esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. (YHWH
– “Yaohu” - o Nome pessoal de “EL-ULHIM”
= DEUS NO PLURAL = YAOHU UL.).



Levítico. (LUGAR E FUNÇÃO
DO LIVRO):

O livro de Êxodo termina com a
construção da Tenda do Encontro (40,16-33), que Yaohu imediatamente legitima,
vindo instalar-se nela na nuvem (40,34-38).
As primeiras palavras do Levítico
exprimem a seu modo esta legitimação: enquanto no Êxodo Yaohu falava a Moisés sobretudo no cume do
Sinai, agora é “da tenda da reunião” que o faz (1,1).
Nos 27 capítulos deste livro,
Deus (Yaohu) transmite a seu povo “suas leis e seus costumes”, pois “é pondo-os
em prática que o homem tem a vida” (18,5). Em suma, vai explicar-lhes o bom uso
dessa “tenda”, para que seja verdadeiramente um lugar de “encontro”: não
aconteça que um erro ritual (1 – 10), uma impureza física (11 – 16) ou uma
infidelidade moral (17 – 26) cause obstáculo a essa comunhão. Por isso tudo é
descrito com tanta minucia.
Contudo, o Levítico não apresenta
senão certos aspectos do culto israelita. É talvez no saltério que se devam
procurar as orações e os cantos que acompanhavam os ritos. São sobretudo os
profetas (p. ex. Jr 7,3-11; Os 6,6) que lembra a Israel que a execução dos
ritos não basta para proporcionar a salvação. Mas o que o Levítico quer fazer
penetrar na consciência dos fiéis, e isto com uma insistência incansável, é que
a comunhão com o Deus (Yahu) vivo é a verdade última do homem!

Levítico. (DATAÇÃO, ORIGEM
E CONTEÚDO DO LIVRO):

O texto, no seu estado atual e
canônico, é de redação pós-exílica, embora reúna em um todo relativamente
coerente elementos de origens diversas, alguns dos quais podem remontar a uma alta
antiguidade. Na época em que o poder político do sacerdócio vai aumentando, já
que não existe mais rei, e o profetismo está em vias de desaparecimento, os
sacerdotes de Jerusalém reuniram e completaram, para as necessidades do Segundo
Templo, diversas coleções de leis e de rituais.
Numa primeira seção (1 – 7),
apresentam-se as diversas categorias de sacrifícios que o israelita pode (ou
deve) oferecer a Deus (Yaohu), em certas circunstâncias. Não se trata de uma
iniciação para o uso dos profanos, mas da codificação, para os iniciados, dos
rituais, numa espécie de livro de referência. Em particular, nada se diz sobre
a origem ou a significação dos sacrifícios e dos rituais. Só se pode constatar,
por alusões ou comparações, que Israel hauriu o princípio dos sacrifícios das
religiões do Antigo Oriente e que soube encher este quadro ritual com um
conteúdo novo, correspondente a sua visão do mundo e ao seu conhecimento de
Deus (Yaohu)
A segunda seção (8 – 10) descreve
as cerimônias que se desenrolam por ocasião da investidura sacerdotal de Aarão
e de seus filhos. Esses três capítulos talvez tenham constituído, na origem, a
continuação direta do Êxodo, respondendo às prescrições do capítulo 29. Os
sacerdotes aparecem ali com toda clareza na sua função de mediação, que implica
uma exigência particular de santidade, já que devem servir de intermediários
entre o povo de Deus (Yaohu) santo.
A terceira seção (11 – 16) elenca
diversas categorias de impurezas que impedem o homem de entrar em contato com
Deus (Yaohu) [praticamente: que o impedem de aproximar-se do santuário]: o
consumo se alimentos impuros, a impureza da mulher depois do parto, a lepra, a
impureza sexual do homem ou da mulher. O capítulo 16, de certo modo, constitui
o coração do livro: descreve a majestosa liturgia do Yom Kippur, o Dia
do Grande Perdão, que chegou a ser chamado de “Sexta feira Santa no Antigo
Testamento”.
A quarta seção engloba os
capítulos 17 – 26, que geralmente são agrupados sob o título de Lei (ou Código
de Santidade. Uma vez que Yaohu é um Deus vivo e santo (qadosh, 11,44-45; 19,2;
20,26; 21,8), o povo que escolheu, que reservou para si, que lhe é consagrado
[qadosh, 11,44-45; 19,2; 20,7.26; 21,6-8], deve procurar tudo o que facilita a
comunhão com Deus [Yaohu] e evitar tudo o que, física ou moralmente, pôr
obstáculo a essa comunhão vital: não consumir o sangue, que é a sede da vida
dada por Deus [Yaohu]; recusar quaisquer relações sexuais anormais; respeitar a
Yaohu entre único DEUS, e o homem enquanto criatura de Deus
(Yaohu); garantir a dignidade do sacerdócio e dos sacrifícios e celebrar
fielmente as festas e os anos santos).
O capítulo 27, apêndice ao
conjunto do livro, trata dos problemas de tarifação dos votos e dos resgates.


PEQUENO
LÉXICO DO LEVÍTICO

A leitura do Levítico não é
fácil. O estilo é muitas vezes monótono e bastante árido. Encontra-se nele
certo número de termos técnicos, cujo valor é importante conhecer. Também é
preciso ter consciência de certos traços da mentalidade hebraica e de certas
instituições do povo de Israel. Não se deve, por exemplo, imaginar os
sacerdotes de Israel à semelhança dos sacerdotes nas Igrejas cristãs de hoje:
embora a palavra seja a mesma, ela não designa duas realidades idênticas. O
pequeno léxico que se segue quer agilizar a compreensão do livro. {As seções
são tratadas na ordem das quatro seções do livro: sacrificais,sacerdócio,
puro e impuro, santidade. Na primeira parte, os termos técnicos sacrificais
estão classificados por ordem alfabética}.


Os sacrifícios. Em todas as
religiões, o sacrifício é uma tentativa de entrar em relação mais íntima
com a divindade; por isso a história das religiões o estudou
essencialmente sob três pontos de vista: o sacrifício enquanto “dom”
oferecido à divindade; o sacrifício operando uma “comunhão” com a
divindade; o sacrifício visando a uma “expiação” dos pecados e ao perdão
por parte da divindade. Os sacrifícios israelitas dividem-se com bastante
facilidade entre essas três categorias; dom: holocausto, oferenda vegetal,
primícias; comunhão: sacrifício de paz; expiação: sacrifício pelo pecado,
sacrifício de reparação.
No decorrer dos
séculos e sob o peso das circunstâncias, desenhou-se uma evolução: refletindo
sobre a ruína de Jerusalém e sobre o Exílio, Israel adquiriu uma consciência
mais viva da força do pecado e da necessidade de perdão. Eis por que o
Levítico enfatiza o papel reconciliador dos sacrifícios, dando grande
importância à absolvição pelo sangue e reduzindo as oferendas vegetais a
complemento dos sacrifícios sangrentos.
a) Aceitar: o verbo
(sempre no passivo no Lv) e o substantivo correspondente (sempre em um sentido
passivo) designam o escolhimento benévolo que Deus (Yaohu) dá a um ofertante
sincero, aceitando e aprovando o seu presente, quando o oferente obedece às
regras rituais.
b) Holocausto:
sacrifício de uma vítima totalmente consumida pelo fogo sobre o altar
(excetuada a pele, cf. 7,8). É o sacrifício que exprime por excelência a
doação: o oferente não recebe nada da vítima sacrificada. Encontra-se o seu
equivalente entre os gregos e em Ugarit, mas não entre os demais semitas.
c) Memorial:
termo técnico que designa a parte de uma oferenda vegetal (com ou sem incensos)
consumida sobre o altar. Quanto à significação da palavra, cf. 2,2 nota.
d) Oferenda
consumida: termo geral que engloba tudo o que é queimado sobre o altar para
Deus (Yaohu) e, por extensão, a vítima toda inteira de tais sacrifícios.
Parece, todavia, que o termo nunca é utilizado explicitamente para as partes
queimadas do sacrifício pelo pecado. A etimologia da palavra é desconhecida,
mas evoca por assonância a palavra hebraica para “fogo”, donde a tradução:
oferenda consumida. i.é. Pelo fogo.
e) Oferenda
vegetal: a palavra minhá designava originalmente o conjunto dos
sacrifícios da categoria do dom e da comunhão (Gn 4,3-5; Sm 2,17). Mais tarde,
o termo especializou-se no sentido de oferenda não-sangrenta e foi substituído
na acepção geral pelo termo presente (cf. Tópico J).
f) Paz
(sacrifício de -): por vezes é chamado também de sacrifico de “comunhão”, ou
sacrifício de “aliança”. As partes gordas da vítima são queimadas sobre o altar
para Deus (Yaohu), uma parte da carne é reservada aos sacerdotes e o resto é
consumido pelo oferente, sua família e seu amigos. O Levítico distingue três
formas específicas desse sacrifício, que correspondem a disposições internas
dos oferentes, mais do que a rituais próprios: o sacrifício de louvor
(7,12-15), o sacrifício votivo (7,16) e o sacrifício espontâneo (7,16). O
sacrifício de paz, assim como o holocausto, tem o seu equivalente em Ugarit e
entre os gregos, mas não entre os demais semitas.
g) Pecado
(sacrifício pelo -): ele é difícil de ser distinguido do sacrifício de
reparação (cf. Tópico K): não se sabe se na origem se trata de dois sacrifícios
diferentes, que pouco a pouco se teriam confundido, ou de um único sacrifício
conhecido sob duas designações sinônimos, que os redatores teriam
artificialmente distinguido no ritual ulterior.
A vítima varia
segundo a qualidade ou os meios do delinquente; o sangue desempenha o papel
mais importante, pois é ele que proporciona a absolvição; as gorduras são
queimadas sobre o altar, como sacrifício de paz; as carnes são consumidas pelos
sacerdotes, salvo no caso em que o delinquente é um sacerdote ou o povo no seu
conjunto, pois não se pode ao mesmo tempo oferecer um sacrifício pelo pecado e
tirar proveito dele.
Este sacrifício
não serve para obter o perdão de um pecado deliberado, mas visa restabelecer
uma relação com Deus (Yaohu) comprometida pelos pecados involuntários (cf. 4,2
nota) ou por um estado de impureza (cf. 14,19).
h) Perfume: no
interior da tenda da reunião (e em Lugar santo do Templo) encontrava-se o altar
dos perfumes (4,7), onde se queimava um perfume especialmente composto para
este efeito (cf. Êx 30,34 e nota).
À mesma raiz
está ligado o termo frequente no Lv e traduzido por “fazer fumegar” (1,9 etc.),
que designa toda combustão de sacrifício sobre o altar dos holocaustos. O
emprego deste verbo mostra como se entendia que Deus (Yahu) se beneficiava (na
forma de “fumaça perfumada”) da doação que lhe era feita.
i) Perfume
aplacador: esta expressão está o mais
das vezes em estrito paralelo com a expressão oferenda consumida (cf. Tópico d)
e, com exceção de um caso (4,31, qualificando o sacrifício pelo pecado), ela se
refere a um sacrifício que se pode qualificar de oferenda consumida. Talvez na
origem se trate do decalque hebraico de uma expressão acádica que aparece no
relato babilônico do dilúvio, por ocasião do sacrifício oferecido pelo
resgatado (cf. Gn 8,21). Ela exprime o desejo que o oferente sente de manter
uma relação pacífica com um Deus (Yaohu) benevolente.
j) Presente (cf.
Tópico e: oferenda vegetal): no “Código Sacerdotal” a palavra qorban designa
qualquer espécie de sacrifício, e até oferendas não sacrificais (Nm 7). Significa
literalmente aquilo que a gente “aproxima” de Deus (Yaohu) {ou do altar}, mas
pouco a pouco a palavra adquiriu o sentido de “oferenda sagrada” ou de “objeto
consagrado”, sentido que o termo tem na boca de Cristo – MESSIAS – (Mc 7,11).
k) Reparação (sacrifício
de -): (cf. Tópico g: sacrifícios pelo pecado). Na época do Segundo Templo,
apesar da identidade dos ritos, o sacrifício de reparação parece ter-se
distinguido do sacrifício pelo pecado, essencialmente pelo fato de vir
acompanhado de uma reparação do mal causado (restituição ou re-embolso com
majoração de um quinto). Talvez ele diga respeito também a casos particulares e
mais individuais que o sacrifício pelo pecado. Finalmente, ele não faz parte do
ritual de nenhuma grande festa de Israel. Estes dois sacrifícios parecem
constituir uma peculiaridade de Israel: não se encontra atestação certa de
sacrifício deste tipo em nenhum dos povos vizinhos ou contemporâneos.
l) Santíssimo
(ou coisa santíssima): enquanto a expressão qôdesh qodashim (lit. Santo dos
santos) tem muitas vezes um sentido local, designando especialmente a segunda
parte do santuário (tenda ou templo), conhecida também sob o nome de debir
(quarto sagrado, cf. 1Rs 6,16), o redator do Levítico só a emprega para
designar uma coisa consagrada a Deus (Yaohu) e do qual, por conseguinte, não se
pode fazer nenhum uso profano. Pare ele, são essencialmente as partes dos
sacrifícios “expiatórios” e das oferendas vegetais, reservados exclusivamente
aos sacerdotes, que são coisas ou oferendas santíssimas.
M) Santo: a
palavra qôdesh designa ou qualifica uma grande variedade de coisas:
pessoas,lugares, tempos, objetos, oferendas. Cf. Abaixo §4.
O sacerdócio. A origem que o
Levítico oferece do sacerdócio é o resultado de uma evolução de vários
séculos, no qual se manifestaram influências diversas, religiosas, morais,
sociais, políticas.
Na época mais
antiga, as funções sacerdotais (garante a mediação entre o homem e Deus [Yaohu]
pela execução dos ritos e pela comunicação da vontade divina) não parecem ser
exercidas exclusivamente por uma classe de especialistas. Os patriarcas, na
qualidade de chefes de família, oferecem eles mesmos os sacrifícios (Gn 8,20;
15,9-10; 22,1-14).
Contudo, em
torno dos lugares de culto (p. ex. Shilô, 1Sm 1 – 3; Dan, Jz 18,19-20.27-31)
estabelecem-se famílias sacerdotais que garantiam o serviço do santuário e
conservavam as tradições e os ritos. Em
Jerusalém, Davi encontrou uma família sacerdotal (a de Sadoq) que talvez
tivesse ligações com Malki-Sédeq, o rei sacerdote da época patriarcal (Gn
14,17-20). A importância adquirida por Jerusalém atraiu muitos sacerdotes dos
outros lugares de culto; foram, aliás, obrigados a se reagrupar ali quando
Josias decidiu centralizar todo o culto israelita em Jerusalém: mas este aporte
de pessoal não deixou de criar litígios entre o pessoal ali instalado e os
recém-chegados (2Rs 23,8-9).
Já no reinado de
Salomão, havia-se assistido a lutas de influência entre duas famílias
sacerdotais, a de Ebiatar e o de Sadoq, cujas origens não são claramente conhecidas.
Os sadoquitas teriam acabado excluindo quase completamente os seus rivais do
exercício do sacerdócio hierosolimitano (1Rs 2,26-27). O Exílio pôs fim a essas
rixas, quando os dois grupos foram genealogicamente ligados a Aarão, fazendo
deste último, membro da tribo de Levi, o primeiro sumo sacerdote, no ponto de
partida de todo sacerdócio (1Cr 24,1-6).
Depois da volta
do Exílio (538 a.C.), não sendo restaurado a realeza, é o clero que assume as
rédeas do destino do povo. Aquele que se acabará chamando 'sumo sacerdote'
vai pouco a pouco ocupando uma função equivalente à do rei: traz insignias
régias (8,9) e, como o rei pré-exílico, recebe a unção (8,12). A partir de
Aristóbulo I (104-103 a.C.). tornou-se explícito o que era implícito: o sumo
sacerdote assume o título de rei.
O que importa é
o que permaneceu imutável ao longo de toda esta evolução, a saber o caráter
mediador do sacerdote, o qual, introduzido pela sua consagração na esfera do
sacro, pode desempenhar o papel de intermediário autorizado.
O puro e impuro. A noção de
impureza é bem próxima à de “tabu”, tal como os historiadores das
religiões a encontram nos povos mais diversos. Ela supõe que o homem
deseja viver uma vida enquadrada por regras estáveis, protegida da
angústia do desconhecido. Consequentemente, tudo o que é excepcional,
anormal, insólito, tudo o que é mudança, passagem de um estado a outro,
aparece como uma ameaça, como a manifestação de um poder que zomba das
regras conhecidas, como uma mancha contagiosa da qual é preciso proteger-se,
afastando-se dela, ou do qual é preciso libertar-se, purificando-se.
A Impureza não é
um ato culpável: com efeito, as obrigações da vida (maternidade, toalete dos
mortos, etc.) implicam necessariamente o homem num estado de impureza que o
impede de entrar, pelo culto, em relação com o Deus (Yaohu) santo, estado do
qual ele tem de se purificar. O ato culpável acontece quando, estando em
impureza, a pessoa age como se estivesse em estado de pureza (Lv 15,31).
Ezequiel utilizará o vocabulário da impureza para qualificar os pecados de
Jerusalém, incluídos os que eram cometidos contra a moral propriamente
dita (cf. Ez 22,7). O pecado é com efeito a grande impureza que compromete
a relação entra o homem e Deus (Yaohu).
O fato de as
proibições de Lv 11 – 15 serem codificadas é o sinal de que quase não são mais
vividas espontaneamente; o Levítico as coloca em relação com o Deus (Yaohu) da
aliança (11,44-45), o Yaohu da vida, para quem devemos manter-nos puros.
O Novo Testamento é testemunho de vários debates
sobre o valor dessas proibições (Mc 7,1-23; At 10; 1Co 6,12-20).
A santidade. A santidade é uma
das noções capitais do Levítico, e de todo o Antigo Testamento. Ela tem
parentesco com a noção de pureza.
Fundal-mente, a
santidade designa todo o mistério insondável do Deus (Yaohu) transcendente, do
Deus (Yaohu) absolutamente diferente, incomparável, inapreensível, inefável, do
Totalmente-Outro inacessível ao homem. Dizer que o Yaohu é santo é, pois, não
tanto dar a Deus (Yaohu) uma qualificação moral, mas antes afirmar que ele é
radicalmente dessemelhante de tudo o que o homem conhece ou imagina.
No entanto – e
isto também é um elemento constitutivo da sua santidade – este Deus
(Yaohu) transcendente permite ao homem
aproximar-se dele (cap. 23); este Deus (Yaohu) incompreensível dá-se
conhecer e comunica a sua vontade (cap. 19); ele faz irradiar a
sua santidade e quer fazer a humanidade participar dela: “Sede santos,
pois eu sou santo...” (19,2). Ao escolher o povo de Israel, Deus
(Yaohu) o quer diferente dos demais; reserva-o para si, distinguindo-o e
separando-o dos povos profanos, para que possa entrar em comunhão com o
Deus (Yaohu) santo. Esta eleição traz consigo uma exigência moral, consequência
da santidade do povo eleito, mas que o levou a santificar-se constantemente,
para permanecer nessa COMUNHÃO vital e manifestar assim aos olhos das
outras nações a santidade do seu Deus (Yaohu).
Os homens não
são os únicos a ser chamados de santos: TUDO O QUE EXPRIME A PRESENÇA DE
DEUS (YAOHU) PODE SER QUALIFICADO DE SANTO:
Pessoas (p. ex. Os sacerdotes, que
penetram mais profundamente na esfera de Deus (Yaohu) e que devem
abster-se de diversas práticas legítimas, porém profanas, cap, 21 – 22);
Tempos (p. ex. O sábado, dia do
Yaohu, no decurso do qual se deve renunciar às ocupações profanas, Êx
20,8-11);
Lugares (p. ex. O santuário, no qual
não têm direito de penetrar nem os profanos nem os estrangeiros, Hb 9,7-8;
At 21,28);
Objetos (p. ex. O óleo de unção
santa, que serve aos ritos de consagração e é proibido para qualquer uso
profano, Êx 30,23-33).
Em suma, a
noção de santidade comporta três ideias-força: Separação de tudo o que é
profano, consagração para entrar em comunhão com Deus (Yaohu), compromisso para
fazer a vontade Dele.

O
LEVÍTICO NA BÍBLIA E NA VIDA DO CRENTE

O Levítico apareceu tarde demais
na vida de Israel para poder influenciar de maneira sensível os demais livros
do Antigo Testamento. Por outro lado, apresenta com exclusividade excessiva a
“técnica” dos sacrifícios israelitas para ser citado com frequência no NT. As
passagens citadas com maior frequência são tiradas sobretudo das leis morais do
“Código da Santidade”. Mas a influência de um livro não se mede somente pelo
número de citações que dele se fazem. Daí por que a influência do Levítico não é
desprezível, embora indireta; com efeito, o culto praticado em Jerusalém
consoante as regras codificadas no Levítico é o pano de fundo das
reflexões do NT sobre o sacerdócio e o sacrifício de Cristo. Sem o
Levítico, falta-nos iam muitos elementos para compreender como Paulo ou a
epístola aos Hebreus (cf. Hebreus, Introdução § 8) interpretam teologicamente a
morte de Cristo – Messias.
Hoje o Levítico é talvez, entre os livros do AT, o menos lido pelos
cristãos. Com efeito, ele não é de acesso fácil, e parece só
falar de práticas que caducaram em virtude da nova Aliança. Mas é preciso entender
bem esta “caducidade”. Ao aproveitar gestos religiosos dos seus vizinhos
ou ao criar novos para elaborar o seu ritual, Israel procurou fazer o culto que
celebrava concordar com a fé que professava; o culto tinha a função de exprimir
e realizar a reconciliação e a comunhão do povo santo com o Deus (Yaohu) santo,
em nome do qual pelejavam os profetas e todos os que zelavam pela pureza da fé
em Israel. As festas, os ritos, os gestos variam com os tempos e os lugares, de
acordo com o que se quer expressar e de acordo com os meios de que se dispõe
para fazer isso. Mas permanece o desejo de exprimir a fé pela festa comunitária
e pela linguagem do corpo. Nem as investidas
proféticas contra um culto mal celebrado, nem o abandono dos ritos
levíticos por parte do judaísmo, privado do seu Templo, e por parte do
cristianismo, que reconheceu o valor único e definitivo do sacrifício de
Cristo, nada disso abole o fato de que o Levítico está presente na Bíblia. A
presença dele responde à necessidade humana de exprimir a fé por gestos
religiosos, ao mesmo tempo em que anuncia e prepara a vinda daquele que traz
nas suas palavras e realiza na sua vida a reconciliação e a comunhão dos homens
com Deus (Yaohu).



PRINCIPAIS
'PERSONAGENS' - DO “LEVÍTICO”


Nadabe/Abiú
Pontos fortes e êxitos:
Filhos mais velhos de Arão.
Primeiros candidatos a serem sumo
sacerdote após seu pai.
Envolvidos na consagração do
Tabernáculo.
Elogiados por fazerem “todas as coisas
que Yaohu ordenara” (Lv 8,36).

Fraquezas e erros:
Trataram as ordens diretas de Deus
(Yaohu) de forma indiferente.

Lições de vida:
O pecado traz consequências mortais.

Informações essenciais:
Local: Península do Sinai.
Ocupação: Aprendizes de sacerdote.
Familiares: Pai – Arão; tios – Moisés e
Miriã; irmãos – Eleazar e Itamar.
Versículos-chave:
“E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú,
tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e puseram incenso
sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face de Yaohu, o que lhes
não ordenara. Então, saiu fogo de diante de Yaohu e os consumiu e morreram
perante Yaohu” (Lv 10,1.2).
A história de Nadabe e Abiú pode
ser encontrada em Levítico 8 – 10. Eles são também mencionados em Êxodo 24,1.9;
28,1; Números 3,2-4; 16,60.61.

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