PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:

PAI E FILHO COMPARTILHAM O MESMO NOME:
"NÃO HÁ SALVAÇÃO EM NINGUÉM MAIS!".

sexta-feira, 2 de março de 2012

MISHLEI

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE:


PROVÉRBIOS



INTRODUÇÃO



Visão geral
Autores: Vários, incluindo Salomão, Ezequias, Agur e
Lemuel e outros.
Propósito: Oferecer um recurso para o ensino da sabedoria
aos jovens, em primeiro lugar para a família real e, em segundo lugar, para
todas as outras famílias em Israel.
Data: 960-686 a.C.
Verdades fundamentais:
Yaohu é a fonte de toda a sabedoria e ele a revelou para que
os seres humanos a aprendam.
A sabedoria humana pode ser obtida apenas no contexto da
reverência a Yaohu.
Os jovens precisam da instrução de pais e mães mais velhos e
mais sábios.
Os líderes do povo de Yaohu, em especial, devem ser
instruídos nos caminhos da sabedoria.



Propósito
e características
Enquanto os livros históricos relatam o desenvolvimento
do reino de Yaohu por meio das alianças com Israel, a literatura sapiencial da
Bíblia não menciona explicitamente a eleição de Israel ou suas alianças e trata
apenas em raras ocasiões dos detalhes históricos da fé Israelita. Não obstante,
pode ser facilmente integrada à fé histórica de Israel mediante o seu apelo
comum ao “temor do ETERNO” (cf. Dt 6,5; Js 24,14; Pv 1,7). “Yaohu”
é o nome de Deus que expressa o seu compromisso pessoal com Israel (Gn
12,8; Êx 3,15; 6,2-8). “Teme-lo” significa sujeitar-se à sua vontade revelada,
quer esta seja expressa por Moisés ou por Salomão, motivado pela convicção de
que ele cumprirá as suas promessas de vida para os fiéis e as suas ameaças de
morte para os infiéis. Moisés, Salomão e os profetas procuraram mostrar a
sabedoria de Yaohu. Embora a teologia de Provérbios complemente a visão
histórica unificada de outras partes do Antigo Testamento, Provérbios se
concentra mais na vida cotidiana do que na Histórica, mais nas coisas comuns do
que nas extraordinárias, mais no indivíduo (ainda que não isolado do contexto
das relações sociais) do que na nação, mais na experiência pessoal do que na
tradição sagrada.



CRISTO
EM PROVÉRBIOS.
Como
a Lei de Moisés, Provérbios dá testemunho de Cristo retratando a sua pessoa e a
sua obra. Vemos na lei a pessoa justa e santa e a obra do filho de Abraão que
herdaria as bênçãos da aliança de Yaohu e seria o seu mediador para todas as
nações. Em provérbios (e na literatura sapiencial como um todo), vemos o
discernimento e o trabalho do discípulo sábio. Somente o ETERNO – “SALVADOR”
cumpre plenamente essa visão. Provérbios, bem como a literatura sapiencial em
geral, também revela a semelhança na qual todo o verdadeiro Israel será
conformado pela graça por meio da fé: A semelhança do SALVADOR, a
encarnação da sabedoria de Yaohu (1Co 1,24.30; Cl 2,2-3).



PROVÉRBIOS: O livro dos Provérbios {O termo
hebr. Designa um procedimento literário que consiste essencialmente numa
“comparação” [como, aliás, os gregos o traduziram] ou numa sentença construída
de forma a evidenciar a simetria de duas idéias, de duas imagens antitéticas ou
complementares (cf. Pv 26,7). A tradução latina, a Vulgata, traduziu-o por
“parábolas”, enfatizando o aspecto enigmático e didático da maioria dos
Provérbios. Trata-se, em resumo de “pensamentos” dos Sábios, na maior parte do
livro expressos em dísticos, o que até hoje caracteriza os nossos provérbios.},
é uma coletânea de textos de diferentes origens e datas. Melhor dizendo,
é uma coletânea de coletâneas. Pertence à literatura sapiencial ou gnômica,
gênero literário que floresceu, desde remotas eras, no Crescente Fértil e no
Egito. Existe mais que parentesco entre nossos Provérbios e seus homólogos
sumérios, assírio-babilônicos, cananeus, hítitas ou egípcios, como se pode ver
pelo tratamento dos mesmos temas, com expressões iguais e, às vezes, até
empréstimos diretos. Tudo isso, mais a atribuição de duas pequenas coletâneas a
sábios estrangeiros (Pv 30,1-14 e 31,1-9), comprova a existência de uma vida
literária internacional, à qual Israel não se furtava.
O título, chave dos Provérbios. No seu conjunto, o
livro dos Provérbios não representa uma literatura cosmopolita, apesar do
parentesco e dos empréstimos diretos ou indiretos de seus homólogos. Na
verdade, a coletânea é inteiramente atribuída a “Salomão, filho de David, rei
de Israel”, sendo o nome engrandecido pelos dois títulos que o determinam. Por
que “Salomão”? Porque só se toma emprestado de quem tem, e porque esse rei
controvertido era conhecido por seus dons políticos e literários e como autor
de inúmeras sentenças (cf. 1Rs 3,16-28; 5,9-14; 10,1.8 – 9.23).
O compilador desta coletânea julgou essencial frisar que
Salomão era “filho de David”, um “davídida” e, além do mais, “rei de Israel”.
Ao apresentar o autor como “rei de Israel” referia-se à
concepção, comumente admitida em todo o Oriente antigo, da origem real de toda
sabedoria, concepção de significado ainda maior para o israelita. Não era o “ETERNO”
o “rei de Israel” por excelência? Podia, pois, o rei ser considerado “oráculo
de Yaohu” (2Sm 14,18-20; Pv 16,10-15: É certamente intencional a ligação entre
essa breve seção sobre o rei e a seção precedente, 16,1-9, referente a Yaohu).
Claro que poderia haver maus soberanos, infiéis à sua função “profética”, e os
Provérbios têm ciência disso (28,16; 29,4)!
Ao qualificar o autor de “filho de David”, o compilador
sacralizava um livro cujo conteúdo poderia restringi-lo à esfera do profano.
Ora, David era o ungido do ETERNO, o portador da Aliança e das Promessas. Disso
nada falam os Provérbios. Mas a sua sabedoria – pretensamente chancelada por um
davídida – podia, por isso, parecer resgatável numa visão especificamente
religiosa. Razão por que, desde o título, o leitor é sensibilizado para esse
ponto, confirmado, aliás, pela maior parte do livro.
Isto significava, portanto, que os 31 capítulos a seguir
fazem parte integrante da Revelação divina, que se exprime através da história
do povo de Israel. Apresentam eles uma modalidade bastante “humanista” dessa
expressão e podem ser até considerados parte eminente dela, enquanto avalizados
por um grande rei de Israel.


Organização do livro. A) Abre-se o livro com breve
introdução geral (1,2-7), em que se explícita o conteúdo e se justifica o
título. A coletânea visa transmitir uma experiência moral e religiosa, que
incentivará as gerações jovens e menos jovens a um procedimento correto e sensato,
nas diversas circunstâncias da vida. Tal experiência é consignada no
ensinamento dos mestres do passado e do presente, constituindo, na plena
acepção da palavra, uma educação. Fique, porém, bem claro que o ETERNO está no
ponto de partida dessa experiência.
B) A seguir, vem o livro propriamente dito, com suas nove
coletâneas de tamanho variado. Essa divisão, hoje comumente aceita, nada tem de
tradicional. Usamo-la aqui apenas para maior clareza e compreensão. Com o mesmo
objetivo, acrescentamos os subtítulos.
Distinguem-se, pois, as seguintes seções:
1,1.8 – 9,18: exortações do
pai-educador, prevenindo conta as más companhias e a “libertina”, mescladas com
o elogio da Sabedoria, que aí aparece personificada, tomando a palavra
(1,20-33); 8,22-35). Em antítese, aparece a Insensatez, num díptico sabiamente
equilibrado (9,1-6 e 9,13-18).
II. 10,1 – 22,16: primeira coletânea salomônica de
376 sentenças sobre a vida moral. Caracteriza-se essa seção por forte
inspiração religiosa, sendo, o nome de Yaohu –, o ETERNO, freqüentemente
repetido. (YHWH). Os críticos, em geral, concordam em
reconhecer aqui materiais dentre os mais antigos da compilação.
III. 22,17 – 24,22: primeira coletânea dos Sábios.
Inclui, entre outros elementos, uma seção muito próxima da Sabedoria egípcia de
Amenêmope (22,17 – 23,14) e uma expressiva sátira da embriaguez (23,29-35).
IV. 24,23-34: segunda coletânea dos Sábios (anunciada
no v. 23). Ressalte-se aqui o retrato do preguiçoso (vv. 30 – 34).
V. 25 – 29: Segunda coletânea salomônica. Composta
de 127 máximas, organizadas, o mais das vezes, em dísticos regulares,
como a primeira coletânea salomônica. Trata-se de materiais tão ou mais
antigos que os da primeira coletânea.
VI. 30,1-14: palavras de Agur, sábio não-israelita.
VII. 30,15-33: série de provérbios numéricos,
dispostos em enumeração progressiva de tipo x+1 (por exemplo: há 3... e 4...).
O mesmo processo aparece no primeiro capítulo do profeta Amós.
VIII. 31,1-9: palavra de Lemuel, segunda coletânea de
pensamentos de um sábio não-israelita.
IX. 31,10-31: célebre poema em louvor da mulher de
valor. “Fecho de ouro” da obra, corresponde dignamente à figura da Sabedoria
apresentada no cap. 9.


Sabedoria e sábios. Sem dúvida, a Sabedoria
apresentada nos Provérbios é solidária com Yaohu. Ela participa da obra da
criação (8,22-31; 3,19-20). Por isso, é apresentada como a fonte eminente da
vida, que ela preserva do mal e da morte, e conduz ao temor do ETERNO e a todos
os bens daí decorrentes.
Ela, porém, nunca aparece nos Provérbios de forma
desencarnada. Após sua apresentação “junto de Yaohu”, no cap. 8, é
personificada como dona de casa no cap. 9. Para adquiri-la, exigem-se algumas
disposições morais: cumpre estar disponível e atento. No fundo, é o homem todo
– espírito e corpo, religioso e profano – que será “sábio”, dentro da visão
bíblica, que não dissocia o ser humano.
Que vem a ser o sábio? Percorrendo a Bíblia, vê-se que o
termo designa quem se distingue em atividades as mais diversas, artísticas ou
técnicas. Poderá ser um marinheiro experimentado (Ez 27,8), escultor,
entalhador, ourives (Êx 31,6; Jr 10,9), tecelã (Êx 35,25) e até carpideira
profissional (Jr 9,16) etc. Serão chamados “sábios” particularmente os
especialistas em política, ou seja, os escribas, auxiliadores e conselheiros
dos reis (Is 29,14), até mesmo quando, segundo lamentava Jeremias, houvessem
perdido toda sabedoria (Jr 8,8; 9,11).
São naturalmente “sábios” os que exercem alguma atividade
pedagógica, pois a formulação do seu ensino – ensino vivenciado –, como o vemos
no livro dos Provérbios, testemunha uma técnica que a tradução deixa entrever
perfeitamente.
As qualidades de artesão ou artista levaram, por outro lado,
a atribuir essa coletânea a profissionais da pena, os “escribas” (nome genérico
de funcionários públicos que constituíam o organograma dos vários
“ministérios”, como os chamaríamos hoje). Gozavam eles de ócio e liberdade para
se dedicar às letras. É aos escribas de que se trata em 25,1 que se deve
atribuir a compilação de tudo o que outros anteriormente exprimiram. Deve-se
admitir também que esses funcionários letrados, por força de seus contatos com
o estrangeiro, anotaram passagens de moralistas não-israelitas (Agur, Lemuel),
e imitaram outros (sabedoria de Amenêmope). Suspeita-se – na ausência de
documentação suficiente – que também a sabedoria Cananéia e sua formulação
tenham exercido influência. É bastante provável que as numerosas
passagens a respeito do rei, da função do “príncipe” e dos conselheiros tenham
sido incluídas nesta coletânea graças a esses escribas, tenham ou não sido eles
os seus autores.


A fé de Israel, nos Provérbios. O “temor do
ETERNO” é o fundamento da sabedoria e, por conseguinte, da pedagogia que a ela
conduz. Por isso, os nossos sábios comungam o mesmo pensamento dos que, em
registros diferentes, viviam e pregavam o “temor do ETERNO”: Os pregadores
levíticos e deuteronômicos, os profetas, e os salmistas e, mais genericamente,
quantos explicavam e preconizavam a Lei de Moisés. São muitos os indícios de
tal comunhão.
São bastante claras as exortações racionais da primeira
parte do livro. O tema sempre recorrente é o “esquema deuteronômico da opção”
(Dt 11,26-28; 30,15-20): escolhe a vida e os caminhos que a ela conduzem,
evitar a morte e o resvaladouro que a ela conduz.
São muito freqüentes duas imagens-chave, que assinalam a
profunda concordância com a tradição de Israel, expressa na Lei e nos Profetas:
A Árvore da vida e a Fonte da vida (3,18; 10,11; 11,30; 13,12.14; 14,27; 15,4),
que mostram como se entendia e se vivia a narrativa do Paraíso.
A Cidade onde a Sabedoria profetiza é Jerusalém (1,21; 9,3).
Mas Jerusalém é impensável sem a Terra por excelência, terra confiada aos
homens retos, donde os maus serão extirpados (2,21-22; 10,30; cf. Dt 4,26).
Prepara-se assim a formulação do enraizamento da Sabedoria-Torá em Sião.
O acontecimento primordial do Sinai (a entrega da Lei, das
“Dez Palavras” nas tábuas de pedra) está integrado também à experiência vivida
e transmitida pelos sábios educadores dos Provérbios, em ligação com o
profetismo. Como os profetas, eles querem gravar o ensinamento na “tábua do
coração” (3,3; 7,3, paralelo a Jr 31,33).
Por fim, vale ressaltar duas referências à fé de Israel:
Uma, à Aliança, que segundo Pv 2,17, é rompida quando se rompe a comunidade
conjugal; a outra, em 5,14, que, com dois termos característicos, evoca a
“comunidade sacral”.

Data e
autores. Numa introdução sucinta, não se pode dar a devida importância à
questão crítica das datas atribuídas às diversas partes do livro, à identidade
dos autores e a outras questões da mesma ordem. Pode-se apenas afirmar que a
base da coletânea remonta às origens da vida comunitária de Israel. Como
muitos outros livros do Antigo Testamento, a transmissão oral certamente
precedeu a sua codificação escrita. Ora, esta deve ter sido realizada bem
cedo nos círculos dos escribas da corte, onde reinava a preocupação de formar
administradores, espíritos cultivados. Contudo, essa preocupação administrativa
aparece nos Provérbios menos nitidamente que nos mais antigos Ensinamentos
egípcios. A época real deve ser considerada o berço privilegiado dessas
coleções de sentenças. É certo, por outro lado, que a época pós-exílica também
viu sérios esforços de organização e de empréstimo das sabedorias vizinhas.
Recentemente, porém, foram contestados os critérios
literários – tidos por muito tempo como convincentes – que atribuíam a este
período mais recente os nove primeiros capítulos de Provérbios. Por certo,
Israel burilou seus Provérbios durante longo tempo, tanto quanto os seus
Salmos.

As
traduções. O tradutor moderno de Provérbios defronta-se com inúmeras
dificuldades. Oferece-lhes a crítica diversas saídas, como o trabalho de
simples crítica textual, o recurso à elucidação das literaturas da mesma
família lingüística. Não deve esquecer que, muito antigamente, judeus que
dominavam com perfeição o hebraico já haviam traduzido este livro para
correligionários de língua grega. Mas a consulta a essa antiga tradução pode
ser decepcionante. Por razões dificilmente discerníveis, os tradutores gregos
do século I a.C., mais parafrasearam do que traduziram. As sucessivas
versões coptas, siríacas e latinas antigas não melhoraram a obra. A tradução
latina de Jerônimo se apegou mais ao texto hebraico lido no século IV d.C., mas
também não resolveu as dificuldades do tradutor atual. Fiel a diretrizes do
nosso trabalho ecumênico, a presente tradução, que se pretende de leitura
acessível e de clara compreensão, evitou soluções aventurosas. Confiando na
inteligibilidade do texto hebraico atual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário