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sexta-feira, 2 de março de 2012

SHIR-HASHIRIM

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE:


CÂNTICO dos CÂNTICOS:



INTRODUÇÃO



Visão geral
Autor: Desconhecido.
Propósito: Celebrar a bênção do amor romântico entre marido
e esposa.
Data: Provavelmente 960-931 a.C.



Propósito e características
O termo “Cântico” no título (1,1) é o termo hebraico
comum para qualquer melodia alegre. Não tem qualquer conotação religiosa
especial. A expressão “Cântico dos Cânticos” significa “o melhor de todos os
cânticos” (cf. a expressão “Rei dos reis” em Ap 17,14). Ele nos prepara para um
cântico singular da mais alta qualidade.
Com exceção do título, o Cântico é todo escrito em verso. É
uma poesia de amor. Os versos são curtos e rítmicos, e a linguagem é rica em
imagens e altamente sensual. O livro trata mais de sentimentos do que de fatos
objetivos. O Cântico é uma rapsódia de amor, uma efusão das palavras e
sentimentos de pessoas que estão experimentando o amor humano com suas dores
concomitantes, prazeres e impulsos sexuais. É UM LIVRO PARA AQUELES QUE DESEJAM
SABER OU LEMBRAR COMO YAOHU HONRAVA O AMOR ENTRE MARIDO E ESPOSA!



CRISTO EM CÂNTICO DOS
CÂNTICOS.
Há uma longa tradição de se relacionar esse livro a
Cristo por meio de analogias traçadas entre as experiências dos dois amantes e
a experiência de Cristo e a sua Igreja. De fato, a imagem de Yaohu como o
marido e do povo de sua aliança como sua esposa também é encontrada no Antigo
Testamento (p. ex., Jr 2,2; Os 2,14-20). Uma vez que Cristo declara a Igreja
como a sua noiva (cf. Ef 5,22-33), uma aplicação legítima do Cântico dos
Cânticos é perceber que o amor descrito no livro é, em muitos sentidos,
semelhante ao amor que o SALVADOR tem pela Igreja (p. ex., esse é o uso
predominante do Cântico dos Cânticos nos padrões de Westminster). Pelo menos,
três dimensões centrais orientam os leitores modernos sobre a natureza desse
amor: Autoentrega, desejo e compromisso. O SALVADOR deleita-se em nós e se
entrega a nós como amor. Ele nos deseja totalmente para si e sente
profundamente a dor e o prazer do seu relacionamento conosco. Cristo entregou a
própria vida pela Igreja e ainda agora se dedica ao bem dela como um marido
amoroso. A Igreja depende de Cristo para ter proteção e afeição; ela o honra
pelo seu maravilhoso cuidado e busca a sua glória todos os dias. Tanto Cristo
como a Igreja anseiam pelo dia de sua união final, o dia da grande festa de
casamento na volta de Cristo (Ap 19,7.9).



CÂNTICO DOS CÂNTICOS. O Cântico dos Cânticos
constitui um dos problemas mais controvertidos da literatura bíblica. Que vem
fazer no Antigo Testamento este poema (ou esta coletânea de poemas) de amor?
Apresenta-se num tom bastante erótico. Parece interessar-se apenas pela beleza
física, sem nunca falar de Deus – Yaohu ou da procriação. Contém alusões à
geografia da Palestina e até reminiscências mitológicas; contudo, não oferece
nenhuma chave evidente de interpretação. Quem foi que escreveu, e quando?
Sobretudo: Por que e para que foi escrito? Se não foi para e simplesmente por
engano que este livrinho entrou no cânon, como é que encontrou nele um lugar, a
ponto de, mais tarde, ser lido na liturgia da Páscoa judaica?
A própria estrutura do Cântico é difícil de determinar,
cheio como está de repetições de versículos, temas, imagens e situações. Há
quem veja nele apenas uma coletânea de poemas para serem usados em festas de
bodas, justapondo canções de amor, que não são necessariamente hinos núpcias.
Outros vislumbram certa ordem nas unidades poéticas mais amplas. Finalmente há
também quem descubra uma coordenação de conjunto no poema.
Não obstante certas tentativas de fazer remontar a
composição aos tempos de Salomão ou pouco depois, a linguagem e o estilo
parecem bastante recentes e nos fazem pensar na época persa (séc. V a.C.) ou
mesmo no período helenístico (séc. III). Por outro lado, convém relevar grande
número de arcaísmos, tanto na escolha das palavras como no torneio da frase,
sem que isso se possa explicar sempre como recurso literário erudito. Destarte é
possível que o Cântico, mesmo se de composição tardia, contenha elementos
antigos, talvez da época de Salomão (p. ex. 3,6-11); elementos muito diversos,
também, provindos ora do campo, ora da cidade, de Israel do Norte ou de Judá.
Entretanto, seu autor certamente não é Salomão. Como no caso de Provérbios,
Eclesiastes, o Cântico foi-lhe atribuído com base em 1Rs 5,12 e em alusões
feitas por 1,5; 3,7.9.11; 8,11.12 (a primeira concernindo a um termo genérico –
assim como se fala em “móveis Luiz XV” –, a segunda podendo estar inspirada num
antigo epitalâmio e a terceira visando mostrar que o verdadeiro rei segundo o
Cântico não é o Salomão da história!). Quanto à inclusão no cânon, houve certo
mal-estar, talvez neutralizado, mas não apaziguado, pelo recurso à alegoria.
Isso mostra que, seja qual for, o sentido original estava ofuscado. O poema
teria sido usado em núpcias? É difícil dizer, apesar do costume de cantá-lo nas
salas de banquete, costume criticado pelo Rabi Aqiba no fim do séc. I d.C. Seu
uso litúrgico na Páscoa judaica não é atestado antes do séc. V d.C. Qualquer
que seja o seu sentido, este cântico é profano ou sagrado, está no seu lugar na
Bíblia ou entrou por engano? Para responder a esta pergunta tentou-se discernir
o sentido do Cântico. Podem-se resumir sob quatro categorias as respostas,
agrupadas duas a duas conforme visam à alegoria ou à realidade.
1. A interpretação alegórica remonta ao séc. I d.C.,
e neutraliza o escândalo desta poesia erótica – muitas vezes constrangedora
para judeus e cristãos. Interpreta as relações entre o jovem e a moça
quer de maneira histórica, quer mística.
Para a interpretação alegórica histórica apresentam-se
diversas possibilidades: a) talvez se trate do confronto entre o povo de Yaohu
e um outro povo, em algum momento da história – p. ex., os remanescentes
das dez tribos do Norte no fim do séc. VIII procurando unir-se a Ezequias, mas
encontrando a hostilidade de seus irmãos, quer dizer, de Judá; ou a relação
entre Israel e os povos estrangeiros –; b) ou então, trata-se da relação entre
o ETERNO e seu povo, quer em um momento determinado – p. ex., na volta do Exilo
–, quer ao longo de certo período da vida de Israel ou mesmo de toda a história
da Igreja.
A interpretação mística oferece também dois caminhos: um,
coletivo – em continuidade com as interpretações acima – visando a Yaohu e
Israel, Cristo e a Igreja ou Cristo e a Humanidade; o outro, individual,
relacionando Yaohu ou Cristo e a alma humana, ou mesmo o Rúkha hol –
Rodshua (ESPÍRITO SANTO) – na união com a humanidade do
SALVADOR – para com os que pertencem a Ele – SUA IGREJA, ou ainda, Salomão
e a Sabedoria. Acrescente-se que esta mística pode ser desenvolvida seja como
ascensão do homem para Yaohu – na linha do amor de que trata o Banquete de
Platão –, seja como resposta da fé a Yaohu que se aproximou do ser humano.
2. A interpretação cultual é outra modalidade da
alegoria. Vê no Cântico a tradução de uma liturgia pagã do Oriente Médio em
honra de um deus que morre e vai aos ínferos procurar sua amante, a deusa do
amor e da guerra: os dois são representados pelo rei e pela grande sacerdotisa,
cujo casamento sagrado (hierogamia) simboliza a união e provoca a renovação da
fecundidade no Ano Novo. Também nesta interpretação esvazia-se o escândalo do
erotismo, de certo modo, porque a união sexual aqui não tem uma finalidade em
si mesma, mas está a serviço de uma causa religiosa. Os profetas de Israel
combateram este tipo de culto (cf. Is 17,10; Ez 8,14; Zc 12,11). Entretanto,
esta liturgia se teria introduzido em Jerusalém sob a vassalagem assíria de
Manassés e, mais tarde, teria sido adaptada à teologia de Israel, assim como a
festa agrária dos Pães sem Fermento foi reinterpretada para exprimir a fé
histórica da Páscoa.
3. A interpretação dramática aceita a realidade
sexual do Cântico, mas evita aquilo que ela teme ser escândalo, fazendo passar
a realidade sexual para o segundo plano. A fim de mostrar que este livro não
precisa ser mítico para evitar ser obsceno, vê-se nele a descrição de um amor
honesto, onde se destaca não tanto o sexo, mas a fidelidade. Mais: pelo fato de
levar à cena não dois, mas três personagens, de modo que se assiste ao drama da
pastorinha fiel ao seu pastor em detrimento de Salomão que a quer raptar,
projeta-se sobre o apetite erótico inegável descrédito. Em forma tipológica,
esta interpretação poderá reencontrar alguns elementos da tese alegórica.
4. A interpretação naturalista vê no Cântico uma
coletânea de canções de amor muito realistas, conservada como tal, ao modo das
coletâneas de canções de amor egípcias ou de cantos populares árabes, ou
sujeito a uma ordenação conforme o esquema das núpcias sírias que se realizam
ainda no fim do século passado na Transjordânia e no Líbano. Alguns vêem no
Cântico nada mais que uma composição literária (p. ex., para justificar o
casamento de Salomão com a filha do Faraó) e chegou a falar em canto licencioso
canonizado por engano. Há também quem fale do senso moral de um amor honesto –
Juntando-se às vezes com facilidade, pela tipologia ou pelo drama, a alguma das
interpretações acima mencionadas.
5. Pode-se talvez propor uma quinta interpretação,
levando em consideração vários elementos das anteriores. Alguns defensores da
quarta tese notam que este canto de amor humano utiliza a linguagem dos profetas
descrevendo a aliança entre Yaohu e Israel como um casamento; outros sublinham
a influência da linguagem hierogâmica. Observa-se também que os dois grupos de
teses mencionados se confrontam da seguinte maneira: Para 1 e 2,
o sentido primeiro é sagrado e alegórico, e ao esquecer-se este sentido cai-se
numa leitura sexual e profana; para 3 e 4, o sentido primeiro é
sexual e profano, mas para evita-lo recorre-se à alegoria. Contudo, é bem
possível que o amor de que fala o Cântico seja ao mesmo tempo sexual e sagrado,
e a negação de um destes dois aspectos teria conduzido, num caso, ao sentido
profano e, no outro, ao sentido alegórico. Nesta hipótese, o Cântico descreve o
amor humano como tendo um fim em si mesmo, na obra boa que é a criação de Yaohu
– quase como um comentário a Gn 2,23-24. Para tanto, o Cântico incorpora mais
ou menos conscientemente os elementos da liturgia pagã do casamento sagrado,
mas desmitizando-os radicalmente, a fim de mostrar que o verdadeiro papel do
amor não é unir religiosamente a terra ao céu, mas sim unir duas criaturas que
Yaohu criou complementares. E ele descreve este amor carnal autêntico (Pv
2,16-17; Mt 2,14) com a linguagem da aliança, para mostrar no amor de Yaohu
para com seu povo o modelo de todo amor humano – da mesma forma como Paulo o
dirá em Ef 5,25. Destarte, o sentido espiritual do Cântico está no seu
sentido literal.

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